Nas vesperas da entrevista com o rapper DRIFA, trazemos hoje extractos da entrevista concedida pelo Mano Brown dos Racionais MC's ao programa RODA VIVA da TV CULTURA. Visto que o artigo do nosso colaborador Somente tem criado alguma discordia no entre alguns leitores, deixamos aqui a opiniao de Brown em relaçao a esse tema e nao so. Leia com atençao algumas partes dessa entrevista, que brevemente iremos disponibliza-la na integra aos nossos fiés bloguistas. Como ja puderam ver, este blog tem disponiblizado muito material dos Racionais MC's, a ideia é criar um outro tipo de referencias na nossa juventude e admiradores da cultura hiphop que muitas vezes nao tem acesso ao rap muio mais interventivo.
Paulo Markun: Uma coisa, aliás, em relação ao rap, André Fernandes aqui de São Paulo pergunta, o que é diferente entre o rap americano e o brasileiro?
Mano Brown: Acho que o rap americano é mais evoluído, eles alcançaram um lugar onde eles deveriam estar mesmo, hoje eles usam a favor deles, eles usam a máquina, a máquina é podre e eles estão fazendo, já que é podre e não vai melhorar eles fazem o dinheiro vir para o lado deles. A gente sabe.
Paulo Markun: Mas o discurso social lá não é tão forte como aqui.
Mano Brown: Eu não estou na fase de exigir um controle de rap esse discurso social. O rapper é um músico, acho que ele tem que falar de sociedade o que ele sente. Se não sente não tem que falar, não é porque é rapper que tem que falar de problema crônico, sociedade e tal. Acho que o cara tem que ser livre, o compositor, o letrista. Você não pode chegar, pegar o moleque que está agora começando dentro da casa dele, num cômodo e jogar: Fala desses problemas aqui que é a sua cara. Jogar um fardo de 200 quilos nas costas do moleque sendo que dentro da casa dele ele não tem o mínimo para ele. Entendeu? Ele tem que lutar pela vida dele, e o rap é isso também, é lutar pela sua própria vida também, individual, lutar pela sua sobrevivência.
Como é que você compõe? Como é o processo de composição para você? Como você bola uma letra dessa, como você chega nessas rimas? Como é que é a tua rotina nisso aí?
Pergunta: O Brown, tem uma notícia muito engraçada, a manchete na verdade é engraçada, curiosa. De 2004. Junho de 2004: Mano Brown paga fiança é solto e chora. Não vou nem entrar nesse assunto dessa notícia. Mas queria saber a última vez que você chorou, se você lembra ou o que foi?
Mano Brown: Essa manchete foi mentira, não chorei nada.
Pergunta: Você nunca chorou?
Mano Brown: Lógico, já chorei. Quem nunca chorou.
Você se lembra da última vez.
Mano Brown: Que eu chorei?
É.
Mano Brown: Ah, quando... Sabotage morreu. Eu lembro que eu chorei. Chorei assim... bem discretamente, né? Tem os irmãos que chorou muito mais aí. Mas eu... eu chorei por dentro e cheguei a chorar também porque foi um dia muito triste assim para nós, né? Foi um dia, marcou muito. De lá para cá, graças a Deus, não. Não precisou, não careceu, né?
Pergunta: Você conseguiu, Brown, fazer uma revolução interna no seu jeito de ser, de pensar? Você conseguiu lutar contra os seus, suas próprias contradições, seus próprios medos? Você consegue isso hoje?
Mano Brown: Na verdade, as contradições só acabam quando morre, né? Tipo, eu era um cara, hoje eu estou de Nike no pé, mas eu já xinguei a Nike muito por aí. Entendeu? Mas eu descobri também que a Adidas não me dá nada se ficar falando mal da Nike. Eu derrubo um e levanto a outra. A Adidas é dos alemães, não são nada. Estou de Nike, o KL Jay não usa Nike, vai ver o Nike que o Blue tá no pé? Entendeu? É contradição, racionais é isso, é 4 caras, 4 mentes. 4 idéias, entendeu, meu? Eu sou o mais confuso dos quatro sou eu mesmo.
Pergunta: Como você vê a pirataria hoje, Brown?. Eu queria saber, essa... tem uma história de que na época do "sobrevivendo no inferno" houve um acordo entre racionais e ou camelôs ou quem fazia disco para vocês não perderem com essa venda dos piratas. E parece que isso, isso, um boato, um rumor e agora na época do DVD também houve isso. Eu queria saber se isso é verdade e como você vê a pirataria? Como você se protege da pirataria, porque afinal você é um artista.
Mano Brown: Não tem como se proteger na pirataria, eu tenho vários amigos que trabalha no ramo.
Paulo Markun: Comerciantes.
Mano Brown: Conheço os irmãos que estão na rua vendendo o Brown, assina aí, eu falo: Pirata eu não assino, irmão. Pô, mas é sobrevivência. Eu entendo, cara, na verdade quem fica rico é o chinês. Mas, é o ganha pão do irmão também. Então, como eu não sou polícia e também não vou andar com polícia prendendo ´pirateiro´ que não é a minha, eu uso aquele slogan, vocês é a minha rádio, tocam o dia inteiro a minha música no centro da cidade e divulga aí e me ajuda. O que eu não ganho, em venda, eu ganho com outras coisas que eles me dão, a pirataria me dá notoriedade, me dá, põe a minha música na rua.
Mano Brown: Acho que o rap americano é mais evoluído, eles alcançaram um lugar onde eles deveriam estar mesmo, hoje eles usam a favor deles, eles usam a máquina, a máquina é podre e eles estão fazendo, já que é podre e não vai melhorar eles fazem o dinheiro vir para o lado deles. A gente sabe.
Paulo Markun: Mas o discurso social lá não é tão forte como aqui.
Mano Brown: Eu não estou na fase de exigir um controle de rap esse discurso social. O rapper é um músico, acho que ele tem que falar de sociedade o que ele sente. Se não sente não tem que falar, não é porque é rapper que tem que falar de problema crônico, sociedade e tal. Acho que o cara tem que ser livre, o compositor, o letrista. Você não pode chegar, pegar o moleque que está agora começando dentro da casa dele, num cômodo e jogar: Fala desses problemas aqui que é a sua cara. Jogar um fardo de 200 quilos nas costas do moleque sendo que dentro da casa dele ele não tem o mínimo para ele. Entendeu? Ele tem que lutar pela vida dele, e o rap é isso também, é lutar pela sua própria vida também, individual, lutar pela sua sobrevivência.
Como é que você compõe? Como é o processo de composição para você? Como você bola uma letra dessa, como você chega nessas rimas? Como é que é a tua rotina nisso aí?
Pergunta: O Brown, tem uma notícia muito engraçada, a manchete na verdade é engraçada, curiosa. De 2004. Junho de 2004: Mano Brown paga fiança é solto e chora. Não vou nem entrar nesse assunto dessa notícia. Mas queria saber a última vez que você chorou, se você lembra ou o que foi?
Mano Brown: Essa manchete foi mentira, não chorei nada.
Pergunta: Você nunca chorou?
Mano Brown: Lógico, já chorei. Quem nunca chorou.
Você se lembra da última vez.
Mano Brown: Que eu chorei?
É.
Mano Brown: Ah, quando... Sabotage morreu. Eu lembro que eu chorei. Chorei assim... bem discretamente, né? Tem os irmãos que chorou muito mais aí. Mas eu... eu chorei por dentro e cheguei a chorar também porque foi um dia muito triste assim para nós, né? Foi um dia, marcou muito. De lá para cá, graças a Deus, não. Não precisou, não careceu, né?
Pergunta: Você conseguiu, Brown, fazer uma revolução interna no seu jeito de ser, de pensar? Você conseguiu lutar contra os seus, suas próprias contradições, seus próprios medos? Você consegue isso hoje?
Mano Brown: Na verdade, as contradições só acabam quando morre, né? Tipo, eu era um cara, hoje eu estou de Nike no pé, mas eu já xinguei a Nike muito por aí. Entendeu? Mas eu descobri também que a Adidas não me dá nada se ficar falando mal da Nike. Eu derrubo um e levanto a outra. A Adidas é dos alemães, não são nada. Estou de Nike, o KL Jay não usa Nike, vai ver o Nike que o Blue tá no pé? Entendeu? É contradição, racionais é isso, é 4 caras, 4 mentes. 4 idéias, entendeu, meu? Eu sou o mais confuso dos quatro sou eu mesmo.
Pergunta: Como você vê a pirataria hoje, Brown?. Eu queria saber, essa... tem uma história de que na época do "sobrevivendo no inferno" houve um acordo entre racionais e ou camelôs ou quem fazia disco para vocês não perderem com essa venda dos piratas. E parece que isso, isso, um boato, um rumor e agora na época do DVD também houve isso. Eu queria saber se isso é verdade e como você vê a pirataria? Como você se protege da pirataria, porque afinal você é um artista.
Mano Brown: Não tem como se proteger na pirataria, eu tenho vários amigos que trabalha no ramo.
Paulo Markun: Comerciantes.
Mano Brown: Conheço os irmãos que estão na rua vendendo o Brown, assina aí, eu falo: Pirata eu não assino, irmão. Pô, mas é sobrevivência. Eu entendo, cara, na verdade quem fica rico é o chinês. Mas, é o ganha pão do irmão também. Então, como eu não sou polícia e também não vou andar com polícia prendendo ´pirateiro´ que não é a minha, eu uso aquele slogan, vocês é a minha rádio, tocam o dia inteiro a minha música no centro da cidade e divulga aí e me ajuda. O que eu não ganho, em venda, eu ganho com outras coisas que eles me dão, a pirataria me dá notoriedade, me dá, põe a minha música na rua.
Sem comentários:
Enviar um comentário