NIOSTOLOGIA
Uma ideia original de
NIOSTA O FILHO DO COSSA
Produzida por
COTA DADY #
Com participações de
CEREBELLO, SMALL SOLDIER, SNAKE BRAVA, ARMINDA, KAGNESS, FIG DELLA VIRGEM, X-DETROIT, CESARE
Engana-se quem for a ouvir o álbum e entendê-lo como uma concepção originária de uma mente simplesmente criativa quando se trata de criar personagens, modos de vivências e interpretação da realidade corrente. Não, este trabalho segundo o próprio Niosta trata-se da transposição de sua realidade, de sua personalidade para os aparelhos sonoros dos quais dispomos. Pela explicação sumária atrás citada já está justificado o título desde álbum. Portanto, ao ouvir o NISTOLOGIA encare-o como uma auto-biografia e é necessário estar com disposição para entrar no mundo Niosta e viajar para novos horizontes que aqui nós são sonoricamente proporcionados.
Niosta em Niostologia apresenta a vida, suas vivências, suas maneiras de interpretar o caminho que escolheu como seu modus vivendi e em conformidade com sua maneira de inspirar e expirar o mundo de forma curiosa na área musical. Se o mundo é imundo, repleto de comportamentos adaptados e clonados (portanto, falsos para com nossa real realidade) quem poderá atirar a primeira pedra (nem que seja nas costas como é de costume) a quem de certo modo negou fazer parte do rebanho com um sorriso falso?
Ignorando todos os aspectos de acerto na tonalidade, afinação de vozes, seria, por bem da lucidez que pouco povoa, proibido desmentir que este é o primeiro álbum de Rap mais cantado do país. Quem ainda poderá recusar que este é o álbum mais criativamente estruturado em termos de idealização? Atenção que ignoro todos aspectos ligados a sua materialização. Sim, sei que são muitos que irão dizer que não é bem assim e irão fundamentar suas negações na base ou de imitações ou de comparações em relação a produtos emplasticados a moda moçambicana mas que são no seu âmago réplicas qualaladas de produtos não nacionais.
No meio de tudo isto há que perceber este produto como sendo um filho do Grupo Contraste e para quem percebe a ideologia deste grupo, escusa-se de queimar seus neurónios tentando pensar sobre o Niostologia enquanto estiver mentalmente imerso em preconceitos socialmente criados para sermos uns iguais aos outros e abstenha-se igualmente de o fazer tentando buscar aqui nesta auto-biografia em forma musical do lado estreitamente Rap, daquele DUN DUN KAH habitual, recheado de uma estruturação unicamente Rap.
Falando da temática do álbum. Hum! Já me tinha referido deste trabalho como sendo uma auto-biografia do próprio autor: portanto sem rodeios, pode-se afirmar que a temática é Niosta desde sua privacidade até seu Bairro que é o Ferroviário mais conhecido no seio dos Rap com Bloco 4 ali onde os MC reppam de facto. Fazendo uma total apologia a vida, este relato de sua pessoa é a expressão de um querer viver enorme, sem temer o que poderá colher no futuro, sem temer as consequências da vida e admitindo de peito aberto e com franqueza a morte como consequência da vida.
Matchimbaz choir + Meu nome
Esta é a primeira declaração de autoridade em sua vida e honestidade com as suas ideais e modo de apreender sua existência. Aliado a uma saudação aos ouvidos que irão estar atentos as 12 faixas deste álbum. Mas deixa um recado a quem não gosta: Meu nome é filho do Cossa, retire-se daqui sé é que não gosta.
Portanto a saudação na abertura do álbum vai em especial ao Bloco 4 e todos que estiverem pré dispostos a encarar o Niostologia na forma musica.
E como não podia deixar de ser, na entrada do álbum frisa de imediato o descompromisso com a atenção de quem quer que seja, o descompromisso com o facto de vir a perder algo. Acredito que dá uma gargalhada silenciosa para o mundo, pois entra no jogo da vida com toda a ousadia que se permite pois isto é o que acontece com poucos que tem este privilégio, para todos que assumem que nada tem a perder, logo, nada há realmente a temer porque como não se tem nada a perder, entramos no negócio da vida com um cheque sem fundo. A vida ousada é neste sentido.
Alguns querem saber
o que ando a fazer
Alguns querem saber
o que ando a dizer
Mas eu não tenho nada a ver
O que eu quero é só viver
Assim como eu sou
A mim ninguém me vai mudar.
Contraste é contraste
Para sempre será (...)
Olhem para mim
Eu sou preto como vós
Só tenho minha voz
Só tenho os meus culhões
(...)
Eu nada tenho mais a temer
Eu nada mais tenho a perder
Niost’lasmentações (Quando Niosta caiu em prantos)
A faixa 4 é de forma perceptível os relatos carregados de doses de melancólica onde o Filho do Cossa exprime sua realidade familiar (atendendo que ele afirmou que se trata de relatos de si mesmo), suas inquietações entre outros sentimentos a mistura. Numa clara declaração de paz a todos que se foram levados pelos ventos dos tempos lá idos, ventos e tempos que não voltarão mas que estarão sempre presentes na vida deste avaliando pelas recordações que este regista(ra)m em sua memória de humano.
Quando a dor nos invade o peito e pelo seu calor, faz transpirar sentimentos que cheiram a melancolia, o resultado não pode ser outro senão semelhante ao seu produtor. A dor neste caso.
Numa combinação do Bass, o coro e parte de musicalidade existente já no fim do som esta música ganha uma combinação sonora de destaque neste álbum.
Coro
O vento, o vento já não vai soprar
O tempo, o tempo já não vai voltar
Me lembro, me lembro
E ponho-me a chorar
Nossa vida mãe, nossa vida.
(...)
Minha mãe não disse que a vida era dura
Do nascimento até a sepultura.
Aiiii, sinto muito minha mãe
Eu não sou o filho que ela quis.
Tenho saudades da minha irmã,
nesta vida ela nunca foi feliz.
Paz para aqueles que agora correm
Espero que onde vão tenham paz
Paz para aqueles que agora correm
Paz para os que corem atrás
Reino animal
Nós vivemos no reino animal
Bairro Ferroviário é um reino animal
Minha mãe me nasceu animal
Lá no bairro comemos vegetal
Uma caracterização animal do Bairro Ferroviário em que de forma detalhada são enumeradas as diversas personalidades que habitam dentro daquele espaço geográfico.
Neste som trata-se de um pensamento profundamente analógico em relação aos adjectivos atribuídos aos animais que de forma bem divertida foram usados para trazer a vista os pedófilos, os maridos submissos, os que tem mania de esperteza, os corruptos, as nguavanas e os filhinhos da mamãe.
O coro do som saiu melodicamente e de forma espontânea no dia do lançamento deste álbum. De forma divertida todos cantavam, ouviam e gargalhavam. Quem não gostou deste relato forma as fêmeas que estavam presentes na hora.
- Bois são os maridos das vacas que ficam tranquilos em casa enquanto as mulheres dão pinos em outras camas
- As cadelas são todas elas que tem namorados que confiam e gostam delas mas que acendem outras velas
- Mocreias e cabras. As cabras são putas baratas.
- Os pintainhos são aqueles que pensam que são os donos do mundo, mas não sabem vivem adormecidos nas asas das suas mães
- Os patos são maridos das galinhas os quais são dominados por elas.
- Bodes veios, são os pedófilos da zonas
- Os cabritos são os que inventam taxas sem consultam a opinião de ninguém, cortam estradas e vendem como se fossem talhões
- Os coelhos são os que pensam que são espertos em relação a todo reino animal e portanto acham que podem enganar a todos.
Nossa História + Kerida + Fácil
Três músicas onde se exploram diferentes estágios da relação a dois. A traição, o abandono e a separação para nuca mais voltar retratam de forma geral estes sons. Todo argumento que justifica esta luta pela aproximação ou quebra de contrato (porque o relacionamento não passa de um contrato onde se estabelecem cláusulas e se trocam valores por desejos, posições por necessidades com vista a se atingir um equilíbrio entre as partes) e representado conforme a perspectiva do Filho do Cossa numa articulação entre ele e Arminda. Esta participante que vem acrescentar ao álbum mais doses de canto que faz com que se siga a sequência musical e criativa conforme havia dito. Com cantos e assobios melódicos numa elaboração musical não estreitamente rap sem contudo fugir a sua base niostológica.
Porkê vivemos
Apologista da vida, do viver hoje sem se aborrecer com o futuro e principalmente com o dia da morte (até porquê a morte é uma honra para quem já está preparado para ela) vai se deliciando com os dias que chegam e lhe encontram na mesma instância: viver hoje pois não vale a pena preocupar-me com o meu amanhã – we gonna die any way. Facto curioso deste álbum é o espaço que se abre para os participantes o que faz propositadamente (acredito) com que o próprio autor do álbum possa fazer da sua casa a casa de todos convidados e lhe remeter apenas a passagens breves pela música.
Vou viver
Até quando eu não sei
Não importa o que eu serei
Quero é viver
Quero viver
Quero viver
A vida é uma curiosidade
Que desperta com a idade
Quero viver
Quero viver
12. Geral
Estão a dar uma geral ao país
Nada mais a declarar! Simples, claro e directo:
estão a dar uma geral ao país
o país está de pernas para o ar
e bem abertas
ah, ta panhulado
Niostologia
01. Matchimba’z choir
(Niosta, B.Belo, Snake, Daddy)
Vozes: Small, Snake, Daddy, Leonel
02. Meu nome
(Niosta, Smal)
Vozes: Daddy, Small
03. Reino animal
(Niosta)
Animais: X, Small Cesare
04. Paz
(Niosta, Daddy, Bbello, Small)
Vozes: Daddy, Bbello, Small
05. Niosta, O Filho do Cossa
(Niosta, Fig)
Vozes: Fig, Small
06. O Pu, O Nhe & o Ta
(Niosta)
Vozes: Bbello
07. Trabalhos sujos
(Niosta)
Vozes: Kagness, Bbello, Snake
08. Nossa história
(Niosta)
Vozes: Arminda, Small
09. Porkê vivemos?
(Small, Niosta, Daddy, Bbello, Snake)
Vozes: Kagness, Bbello, Snake, Daddy
10. Kerida
(Niosta)
Vozes: Arminda
11. Fácil
(Niosta)
Vozes: Small, Arminda
12. Geral
(Niosta, Bbello)
Vozes: Bbello, Snake
Percussão: Snake
Xikitsu: Niosta
Masterização: Sco (Beat Masters)
“Meu nome” & “Reino animal” foram produzidas por Cerebbelo.
“Niosta O Fillho do Cossa” foi co-produzida com Cerebbelo.
Por:(So)mente
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