Intro: Trago dois assuntos. Um embutido no outro, mas gostaria que a sua apreciação fosse feita sob duas perspectivas. A primeira: que analisasse o titulo e o subtítulo em separado e de seguida que os analisasse em agregado.
Não basta Papel e Caneta para escrever
A actividade de escrever é um processo que exige antes de tudo conhecimento e imaginação. Conhecimento da situação que se deseja retratar e imaginação para transportar a referida situação para uma folha. Caso não corre-se o risco de maltratar a situação tirando o real sentido que este tinha. Mas a grande exigência no meio de tudo isto é o sentimento.
Ora bem, numa dessas andanças virtuais, deparei-me com uma frase que me inspirou a escrever sobre está área bastante sensível do nosso Rap. A frase era algo similar a esta: não basta ter um FL7 e Reason v. 3.0 em casa para fazer instrumentais e de imediato pensei: claro, e cabe-me afirmar que não basta ter caneca em casa e um papel para escrever.
A situação que me leva a dizer isto, é que vezes sem conta penso que estou a ter um Voodoo quando escuto certas a músicas de MCs locais. O exagero da ausência de criatividade é o primeiro gosto que me traz esta sensação da sua constante repetição. O segundo aspecto relaciona-se com as rimas: Rimas há muitas é só questão de desenvolver a gramática e conectá-la a nossa criatividade (imaginação como preferir). E por último é a repetição do assunto pelo mesmo autor, sob a mesma perspectiva, sem criatividade alguma e como se isso fosse pouco acrescenta a fatídica previsibilidade na escrita
Eu admitiria o mesmo assunto ser narrado sob diferentes perspectivas pelo mesmo autor, mas com doses de criatividade e não sucessão de repetição e previsibilidade.
Os MCs que generalizam os seus temas, isto é, falam de muitas coisas ao mesmo tempo, podem tratar de escrever uma só música e fazerem versões. Isto é, fazer aquilo que a 911 faz e chama de inovação. Sobre isto falarei noutro dia, se der. E sempre dá.
Da arte a arte + manha
Em suas músicas ouvimos: R.A.P, Ritmo Arte e Poesia. Hun, aceito que tenham Ritmo, aceito, com uma sobrancelha levantada, com o meu ouvido cansado e com a minha pouca caridade já caducada, que tenham Poesia mas Arte. Não, não e não. Acho que não basta fazer Rap para dizer que faz arte. Não basta fazer poesia para dizer que faz arte. Embora a definição da arte tenha inúmeras vertentes de ordem cultural que por sinal são situacionais e temporais (podem variar com o tempo e espaço) há um padrão que devemos de ter como base: a arte deve causar espanto a nossa sensibilidade, a arte deve ser produto de uma criatividade misturada com talento, conhecimento, expressão e tratando-se de música porque não uma representação vocal.
A Expressão
Nota, o MC expressa um verso de revolta como se estivesse a dizer um simples bom dia. Não vejo expressão no que dizem. A tonalidade vocal não os acompanha nas suas intervenções. Mas vamos combinar uma coisa, fazer arte não é fazer algo belo, porque assim entraríamos em subjectividade pois é no termo “belo” onde mora a relatividade. Fazer arte não é fazer algo agradável para uma maioria ou minoria porque senão os que nada percebem das pinturas abstractas do consagrado Malangatana, nem do Picasso seriam rotulados como desprovidos do senso artístico.
Mas voltando aos tais MCs, que não são nada poucos, pretendo acrescentar que todos podem escrever alguma coisa e devem se assim acharem, por via da teimosia. Sou contra o aprisionamento da vontade de cada um, mas privem-nos dessa teimosia com textinhos fotocopias, textinhos semelhantes aos 5 sons gravados a anos atrás. Já notou quantos MCs só cantam HipHop e sempre HipHop, e sem variar rimam na mesma sequência a mesma ideia. Sem contar naquela insistente intervenção do eu sou isto, eu falo disto, sem contudo nunca ter falado nem demonstrado ser senão verbalmente.
Sentenciando, se a nossa capacidade narrativa estiver limitada, eu já disse: encomendem letras de quem sabe ou aprimorem técnicas de escrita por diferentes vias que existem. Por exemplo esta: no dia 15 de Fevereiro, alusivo a Semana da Voz, na Fortaleza realizou-se uma sessão de dicas para escrever denominado Escrita Criativa.
NB: Não me entendam mal julgando-me alguém que pretende ouvir textos com uma gramática de ponta. Não! A ideia reside na criatividade, diversidade e expressão nos temas.
Por :(So)mente
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