quinta-feira, 20 de março de 2008
segunda-feira, 17 de março de 2008
DRIFA :"O Hip-hop não esta bem porque os MCs são uma decepção"
IXITAPORA-Que balanço fazes do teu Primeiro Álbum? As metas estabelecidas foram alcançadas?
Como avalia o impacto do álbum na comunidade?
DRIFA: O impacto é positivo. O álbum atingiu ouvidos que eu nem contava. Recebo muitos comentários sobre o álbum, alguns niggaz surpreendem-me com a atenção que dedicaram ao álbum.
Resume o que querias transmitir.
DRIFA: Como todo e qualquer artista, eu pretendia transmitir ao mundo a minha maneira de ver as coisas.
Que inovação teu álbum pretendia trazer ao hip-hop nacional?
DRIFA: Não posso revelar a inovação que o meu álbum pretendia trazer porque essa inovação ainda está por vir.
Qual foi o critério para a escolha dos temas?
DRIFA: Não houve um critério muito rígido. Escolhi os temas entre várias letras e beats que já tinha crus, trabalhei os gajos, acrescentei novas cenas e saiu o álbum. Se calhar foi a primeira coisa que me chamou atenção para a frase “Muitos Chamados, Poucos Escolhidos” J
O que significa MUITOS CHAMADOS POUCOS ESCOLHIDOS?
DRIFA: Esta é uma frase bíblica, ouvi na catequese quando era púbere e ainda acreditava em Deus, nunca mais me esqueci dela.
Reflectindo sobre ela, pode-se ver que as regras da vida resumem-se nesta frase. É possível encaixar esta frase em todas as coisas que um gajo faz, vê, ouve, etc. Passamos por várias situações no quotidiano em que ou fazemos parte dos Chamados ou dos Escolhidos.
Onde podemos encontrar o álbum a venda?
DRIFA: O álbum já não está a venda. Fizemos apenas 50 cópias do álbum. Quando as cópias acabaram, decidi não reproduzir mais mas sim disponibiliza-lo gratuitamente. Quem quiser é só mandar um mail para thedrifa@gmail.com que eu respondo a dizer como pegar o álbum.
Para quando um vídeo?
DRIFA: É uma pergunta que eu também me faço mas não consigo responder J
XITAPORA-Num grupo como Náuseas o que motiva o lançamento de álbuns a solo sem que haja indícios, pelo menos públicos, do lançamento do álbum do Grupo?
DRIFA: Isso só mostra que Náuseas é um grupo rico. Mas basicamente são nossos compromissos laborais que atrasam a saída do álbum do grupo. Os álbuns a solo saem mais facilmente porque só dependem das horas livres do autor. Diferente do álbum colectivo que depende da intersecção das horas livres de todos intervenientes. Estamos a desenhar nosso álbum mas ainda não temos nenhuma previsão.
XITAPORA-O teu trabalho reflecte a continuidade daquilo que é o hip-hop local ou é uma forma de discordar com alguma coisa?
DRIFA: É uma forma de discordar com os MCs que fazem álbuns em que 50% das músicas falam do amor que sentem pelo rap, 25% falam dos falsos MCs, 25% falam deles e dos niggaz do bairro. Acho que temas como estes são para mixtapes, singles pra rádio, etc. álbum é outra historia. Se fores a notar, nossos três álbuns (A esperança me foge, Tudo Se vende Tudo Se Compra e Muitos Chamados Poucos Escolhidos) falam pouco do rap game, é uma maneira de pensar que nós os três comungamos.
XITAPORA-Toda gente deve querer saber… porque a promoção do álbum é quase inexistente?
DRIFA: Y-Not já disse: “Tudo vai com tempo”.
XITAPORA-Produzes tuas músicas, teu estilo é diferente do que se faz. Quais as tuas influencias?
DRIFA: No começo Erick Sermon influenciou-me muito, acho que até hoje tenho traços dele, principalmente nos fundos e basses. Além dele houve outros: DJ Scratchator, Dr Dre, Hi-Tek, Parrish Smith, Premier, RZA. Um produtor moçambicano que eu admirava quando eu estava a começar a produzir era NStar, escutei maningue Positivas Letras (Aranha Céus) e Nossa Intenção(NStar & Carbono). Admiro a técnica de Timbaland e alguns produtores recentes como Scot Storch e Nicolay mas esses me influenciam muito pouco porque passei a observá-los depois de eu ter uma linha um pouco firme. Sei que alguns produtores vão querer a minha caveira mas 9th Wonder e Madlib ainda não me convenceram. Eu sou um admirador das produções de Madlib e 9th Wonder, os beats são loucos mas a técnica não, tocam muito pouco.
XITAPORA-Dê-nos a tua opinião ou visão em relação a actual vaga de produtores de rap em Moçambique. O que está bem? O que está mal?
DRIFA: Sem dúvida, o que está bem é a qualidade. A quantidade de produtores também está bem, aumenta a possibilidade de escolha dos MCs. Lembro-me que quando eu ainda estava na Beira com meus Niggaz da Street Shamba, fizemos as primeiras músicas com um produtor de passadas! Isso porque não havia produtores de rap (nem um!) na altura.
Acho que o que está mal é o “relaxamento” de certos produtores…sinto que há produtores que tem uma evolução polarizada: preocupam-se em adquirir novos samples, novos plugins, novas versões dos programas (Fruity Loops, Reason, Samplitude…), etc. Esta evolução é extremamente importante mas incompleta, acho eu, se não for acompanhada pelaevolução técnica: a produção como tal.
Não condeno os samples, toda gente usa, mas aprecio muito os beats em que a maioria dos sons é tocada. Isso explica porque eu admiro a técnica de Nicolay e não 9th Wonder.
XITAPORA-Acha que os rappers têm sido coerentes ou inteligentes na análise ou intervenção que fazem em torno dos assuntos sociais e políticos em Moçambique? Até que ponto as suas músicas reflectem o que se passa no pais ou até que ponto se transformam em puro protagonismo?
DRIFA: Uns sim outros não. Quando eu escuto uma música eu preciso ter a sensação que a pessoa que está a cantar identifica-se com o que está a dizer. Infelizmente sinto falta disso em muitas músicas que escuto. Aliás, vi no vosso blog a frase “Se não sente, não canta” do Mano Brown dos Racionais MCs.
Portanto, mesmo sem sentir as coisas, há gajos que escrevem o que as pessoas querem ouvir… o que “vai bater”. Isso é protagonismo.
XITAPORA-A teu ver, que futuro se pode esperar do hip-hop tendo em conta o actual cenário. Concorda com a frase “o hip-hop está bem”?
DRIFA: O Hip-hop não esta bem porque os MCs são uma decepção. Eu disse o que disse dos produtores mas os produtores estão a fazer trabalhos excelentes hoje há bits de todos sabores, volumes e velocidades mas quanto aos MCs já não digo o mesmo. Milhões e milhões de MCs mas poucos escrevem cenas audiveis.
Actualmente está a surgir um fenómeno que me preocupa: estamos a ser influenciados por MCs que não tem força, garra e atitude no micro, refiro-me a essa onda de MCs actuais da Justus League, Low Budget e seus derivados. Os gajos não repam, é claro que estou a fazer injustiça porque tanto na Justus como na Low há produtores e MCs que admiro bastante mas a verdade é que eles estão a influenciar os mcs emergentes para uma forma de repar que não aprecio. Epah… perdoe-me mas sou da ala dos que admiram MCs com garra no MIC: Eon, Chip fu, Pharaoe Monch, Busta Rhymes, KRS-ONE, Sticky Fingaz, Talib (quando ainda estava em forma), B-Real, Redman. Falo de MCs americanos porque são as referencias que tenho, essa é a minha escola.
No futuro, a comercialização do hip-hop vai atingir maiores proporções e com isto hão-de aparecer mais e mais falsos a ficarem cada vez mais e mais ricos e os undergrounds mais e mais nervosos. É só olhar para os EUA para ver como será o futuro do hip-hop moçambicano.
XITAPORA-Achas que as musicas actualmente produzidas conseguem ser mais populares que aquelas produzidas há dois ou três anos, como por exemplo quando fizeste “Aproxima-te” ou quando Náuseas gravou “Um Verso por Escrever”, o Mercado Negro gravou Sleepy Hallow (não tenho a certeza do titulo), entre outros?... O que esta a faltar ao hip-hop?
DRIFA: Eu acho que sim, porque hoje tens possibilidades infinitas de difusão. Faço uma musica hoje, entrego-te e colocas no blog, entrego ao mack e coloca no blog, coloco no meu myspace, sem falar nos vários programas de rádio, estou a falar daqueles em que não precisas de ter influencias para passar a musica J. Mas isso é para dizer que hoje, em 24 horas podes ter a tua música espalhada.
Portanto, os meios de difusão hoje são infinitos, o produto difundido é que está a baixar de qualidade.
XITAPORA-O hip-hop esta confinado as casas de pastos e bandas livres, praticamente começa a sair das ruas e das salas que acolhem mais pessoas. Concorda com essa afirmação? Se sim diz qual o motivo disto e o que se pode esperar deste comportamento?
DRIFA: Não concordo, eu acho que pelo menos em Maputo tem havido mais espectáculos de hip hop a cada dia que passa. Faltam espectáculos interprovinciais: MCs de Quelimane em Niassa, MCs de Cabo Delgado em Xai-Xai, MCs de Inhambane em Chimoio, etc. Mas antes disso é a música que tem que girar deste modo.
XITAPORA-O que mais te alegrou e escandalizou em 2007? Como analisas a música que é difundida na midia? Como analisas a midia hip-hop?
DRIFA: O que mais me alegrou em 2007 foi o facto de ter lançado o meu álbum.
A música difundida na midia é o que é: “Vamos curtir heeeehhh vamos saltar heehhh”J. Não condeno, acho um estilo necessário e consumo de vez em quando mas não colecciono porque eu gosto de escutar álbuns, não hits.
Entre uma palha e outra consegues encontrar mais mensagem nas músicas comerciais do que em muito underground que anda por ai, lançam-nos areia aos olhos com frases como “isto é rap consciente, abre a tua mente” mas não passam dai. Alguns “pimbas” pelo menos conseguem dizer “usa camisinha nem que seja com a tua vizinha”…
A midia hip-hop está cada vez mais forte: programas de rádio, blogs e MySpaces que não acabam, jornais, etc. O que falta, e haveria de mudar bastante o cenário, é um programa de TV 100% hip-hop. Quando digo hip-hop, digo hip-hop de pessoas que sentem isto, não gajos que servem-se desta arte para outros fins.
XITAPORA-Fale-nos do seu novo álbum. Titulo, perspectivas?
DRIFA: Comecei a pensar no álbum quando 2008 iniciou. Ainda não tenho muita coisa em mente mas garanto que não lanço enquanto eu não sentir uma evolução do primeiro para o segundo. Se escutares os álbuns de Sam The Kid hás-de ver a que me refiro quando falo de evolução.
XITAPORA-Algumas vozes dizem que as recentes manifestações mostram que o pais esta a descontrolar-se. Concorda? O que esta a falhar?
DRIFA: Estamos numa situação em que já não é possível fazer undo, só podemos esperar pelo próximo restart e entrar com outro username para ver se as coisas melhoram J
XITAPORA-O que está a ouvir agora?
DRIFA: Agora que escrevo o meu player tem uma lista com Lootpack, OGC, Arrested Developement, Leaders Of The New School e Masta Ace.
Sabes muito bem que nos os produtores escutamos os mais variados estilos de musica… mas mencionando alguns dos MCs que mais atraem a minha atenção actualmente: Wildchild(dos lootpack), Planet Asia, Eon (dos Smuf Peddles), Quasimoto, Busta Rhymes, Heather B, Organized Konfusion, Sean Price, Niosta o Filho do Cossa. Escuto bastante os álbuns de Brother Cycle e Y-Not J
Além do hip-hop, minha segunda paixão (é claro que falo de paixão na arena musical) é jazz, refiro-me àquele jazz do estilo americano, infelizmente ainda tenho uma pequena colecção mas espero engordá-la.
domingo, 16 de março de 2008
NIOSTOLOGIA
NIOSTOLOGIA
Uma ideia original de
NIOSTA O FILHO DO COSSA
Produzida por
COTA DADY #
Com participações de
CEREBELLO, SMALL SOLDIER, SNAKE BRAVA, ARMINDA, KAGNESS, FIG DELLA VIRGEM, X-DETROIT, CESARE
Engana-se quem for a ouvir o álbum e entendê-lo como uma concepção originária de uma mente simplesmente criativa quando se trata de criar personagens, modos de vivências e interpretação da realidade corrente. Não, este trabalho segundo o próprio Niosta trata-se da transposição de sua realidade, de sua personalidade para os aparelhos sonoros dos quais dispomos. Pela explicação sumária atrás citada já está justificado o título desde álbum. Portanto, ao ouvir o NISTOLOGIA encare-o como uma auto-biografia e é necessário estar com disposição para entrar no mundo Niosta e viajar para novos horizontes que aqui nós são sonoricamente proporcionados.
Niosta em Niostologia apresenta a vida, suas vivências, suas maneiras de interpretar o caminho que escolheu como seu modus vivendi e em conformidade com sua maneira de inspirar e expirar o mundo de forma curiosa na área musical. Se o mundo é imundo, repleto de comportamentos adaptados e clonados (portanto, falsos para com nossa real realidade) quem poderá atirar a primeira pedra (nem que seja nas costas como é de costume) a quem de certo modo negou fazer parte do rebanho com um sorriso falso?
Ignorando todos os aspectos de acerto na tonalidade, afinação de vozes, seria, por bem da lucidez que pouco povoa, proibido desmentir que este é o primeiro álbum de Rap mais cantado do país. Quem ainda poderá recusar que este é o álbum mais criativamente estruturado em termos de idealização? Atenção que ignoro todos aspectos ligados a sua materialização. Sim, sei que são muitos que irão dizer que não é bem assim e irão fundamentar suas negações na base ou de imitações ou de comparações em relação a produtos emplasticados a moda moçambicana mas que são no seu âmago réplicas qualaladas de produtos não nacionais.
No meio de tudo isto há que perceber este produto como sendo um filho do Grupo Contraste e para quem percebe a ideologia deste grupo, escusa-se de queimar seus neurónios tentando pensar sobre o Niostologia enquanto estiver mentalmente imerso em preconceitos socialmente criados para sermos uns iguais aos outros e abstenha-se igualmente de o fazer tentando buscar aqui nesta auto-biografia em forma musical do lado estreitamente Rap, daquele DUN DUN KAH habitual, recheado de uma estruturação unicamente Rap.
Falando da temática do álbum. Hum! Já me tinha referido deste trabalho como sendo uma auto-biografia do próprio autor: portanto sem rodeios, pode-se afirmar que a temática é Niosta desde sua privacidade até seu Bairro que é o Ferroviário mais conhecido no seio dos Rap com Bloco 4 ali onde os MC reppam de facto. Fazendo uma total apologia a vida, este relato de sua pessoa é a expressão de um querer viver enorme, sem temer o que poderá colher no futuro, sem temer as consequências da vida e admitindo de peito aberto e com franqueza a morte como consequência da vida.
Matchimbaz choir + Meu nome
Esta é a primeira declaração de autoridade em sua vida e honestidade com as suas ideais e modo de apreender sua existência. Aliado a uma saudação aos ouvidos que irão estar atentos as 12 faixas deste álbum. Mas deixa um recado a quem não gosta: Meu nome é filho do Cossa, retire-se daqui sé é que não gosta.
Portanto a saudação na abertura do álbum vai em especial ao Bloco 4 e todos que estiverem pré dispostos a encarar o Niostologia na forma musica.
E como não podia deixar de ser, na entrada do álbum frisa de imediato o descompromisso com a atenção de quem quer que seja, o descompromisso com o facto de vir a perder algo. Acredito que dá uma gargalhada silenciosa para o mundo, pois entra no jogo da vida com toda a ousadia que se permite pois isto é o que acontece com poucos que tem este privilégio, para todos que assumem que nada tem a perder, logo, nada há realmente a temer porque como não se tem nada a perder, entramos no negócio da vida com um cheque sem fundo. A vida ousada é neste sentido.
Alguns querem saber
o que ando a fazer
Alguns querem saber
o que ando a dizer
Mas eu não tenho nada a ver
O que eu quero é só viver
Assim como eu sou
A mim ninguém me vai mudar.
Contraste é contraste
Para sempre será (...)
Olhem para mim
Eu sou preto como vós
Só tenho minha voz
Só tenho os meus culhões
(...)
Eu nada tenho mais a temer
Eu nada mais tenho a perder
Niost’lasmentações (Quando Niosta caiu em prantos)
A faixa 4 é de forma perceptível os relatos carregados de doses de melancólica onde o Filho do Cossa exprime sua realidade familiar (atendendo que ele afirmou que se trata de relatos de si mesmo), suas inquietações entre outros sentimentos a mistura. Numa clara declaração de paz a todos que se foram levados pelos ventos dos tempos lá idos, ventos e tempos que não voltarão mas que estarão sempre presentes na vida deste avaliando pelas recordações que este regista(ra)m em sua memória de humano.
Quando a dor nos invade o peito e pelo seu calor, faz transpirar sentimentos que cheiram a melancolia, o resultado não pode ser outro senão semelhante ao seu produtor. A dor neste caso.
Numa combinação do Bass, o coro e parte de musicalidade existente já no fim do som esta música ganha uma combinação sonora de destaque neste álbum.
Coro
O vento, o vento já não vai soprar
O tempo, o tempo já não vai voltar
Me lembro, me lembro
E ponho-me a chorar
Nossa vida mãe, nossa vida.
(...)
Minha mãe não disse que a vida era dura
Do nascimento até a sepultura.
Aiiii, sinto muito minha mãe
Eu não sou o filho que ela quis.
Tenho saudades da minha irmã,
nesta vida ela nunca foi feliz.
Paz para aqueles que agora correm
Espero que onde vão tenham paz
Paz para aqueles que agora correm
Paz para os que corem atrás
Reino animal
Nós vivemos no reino animal
Bairro Ferroviário é um reino animal
Minha mãe me nasceu animal
Lá no bairro comemos vegetal
Uma caracterização animal do Bairro Ferroviário em que de forma detalhada são enumeradas as diversas personalidades que habitam dentro daquele espaço geográfico.
Neste som trata-se de um pensamento profundamente analógico em relação aos adjectivos atribuídos aos animais que de forma bem divertida foram usados para trazer a vista os pedófilos, os maridos submissos, os que tem mania de esperteza, os corruptos, as nguavanas e os filhinhos da mamãe.
O coro do som saiu melodicamente e de forma espontânea no dia do lançamento deste álbum. De forma divertida todos cantavam, ouviam e gargalhavam. Quem não gostou deste relato forma as fêmeas que estavam presentes na hora.
- Bois são os maridos das vacas que ficam tranquilos em casa enquanto as mulheres dão pinos em outras camas
- As cadelas são todas elas que tem namorados que confiam e gostam delas mas que acendem outras velas
- Mocreias e cabras. As cabras são putas baratas.
- Os pintainhos são aqueles que pensam que são os donos do mundo, mas não sabem vivem adormecidos nas asas das suas mães
- Os patos são maridos das galinhas os quais são dominados por elas.
- Bodes veios, são os pedófilos da zonas
- Os cabritos são os que inventam taxas sem consultam a opinião de ninguém, cortam estradas e vendem como se fossem talhões
- Os coelhos são os que pensam que são espertos em relação a todo reino animal e portanto acham que podem enganar a todos.
Nossa História + Kerida + Fácil
Três músicas onde se exploram diferentes estágios da relação a dois. A traição, o abandono e a separação para nuca mais voltar retratam de forma geral estes sons. Todo argumento que justifica esta luta pela aproximação ou quebra de contrato (porque o relacionamento não passa de um contrato onde se estabelecem cláusulas e se trocam valores por desejos, posições por necessidades com vista a se atingir um equilíbrio entre as partes) e representado conforme a perspectiva do Filho do Cossa numa articulação entre ele e Arminda. Esta participante que vem acrescentar ao álbum mais doses de canto que faz com que se siga a sequência musical e criativa conforme havia dito. Com cantos e assobios melódicos numa elaboração musical não estreitamente rap sem contudo fugir a sua base niostológica.
Porkê vivemos
Apologista da vida, do viver hoje sem se aborrecer com o futuro e principalmente com o dia da morte (até porquê a morte é uma honra para quem já está preparado para ela) vai se deliciando com os dias que chegam e lhe encontram na mesma instância: viver hoje pois não vale a pena preocupar-me com o meu amanhã – we gonna die any way. Facto curioso deste álbum é o espaço que se abre para os participantes o que faz propositadamente (acredito) com que o próprio autor do álbum possa fazer da sua casa a casa de todos convidados e lhe remeter apenas a passagens breves pela música.
Vou viver
Até quando eu não sei
Não importa o que eu serei
Quero é viver
Quero viver
Quero viver
A vida é uma curiosidade
Que desperta com a idade
Quero viver
Quero viver
12. Geral
Estão a dar uma geral ao país
Nada mais a declarar! Simples, claro e directo:
estão a dar uma geral ao país
o país está de pernas para o ar
e bem abertas
ah, ta panhulado
Niostologia
01. Matchimba’z choir
(Niosta, B.Belo, Snake, Daddy)
Vozes: Small, Snake, Daddy, Leonel
02. Meu nome
(Niosta, Smal)
Vozes: Daddy, Small
03. Reino animal
(Niosta)
Animais: X, Small Cesare
04. Paz
(Niosta, Daddy, Bbello, Small)
Vozes: Daddy, Bbello, Small
05. Niosta, O Filho do Cossa
(Niosta, Fig)
Vozes: Fig, Small
06. O Pu, O Nhe & o Ta
(Niosta)
Vozes: Bbello
07. Trabalhos sujos
(Niosta)
Vozes: Kagness, Bbello, Snake
08. Nossa história
(Niosta)
Vozes: Arminda, Small
09. Porkê vivemos?
(Small, Niosta, Daddy, Bbello, Snake)
Vozes: Kagness, Bbello, Snake, Daddy
10. Kerida
(Niosta)
Vozes: Arminda
11. Fácil
(Niosta)
Vozes: Small, Arminda
12. Geral
(Niosta, Bbello)
Vozes: Bbello, Snake
Percussão: Snake
Xikitsu: Niosta
Masterização: Sco (Beat Masters)
“Meu nome” & “Reino animal” foram produzidas por Cerebbelo.
“Niosta O Fillho do Cossa” foi co-produzida com Cerebbelo.
Por:(So)mente
quinta-feira, 13 de março de 2008
Classicos do Mes : Março :Shaq Feat RZA Method Man-No Hook
terça-feira, 4 de março de 2008
A escrita, a arte, a arte + manha e a expressão
Não basta Papel e Caneta para escrever
A actividade de escrever é um processo que exige antes de tudo conhecimento e imaginação. Conhecimento da situação que se deseja retratar e imaginação para transportar a referida situação para uma folha. Caso não corre-se o risco de maltratar a situação tirando o real sentido que este tinha. Mas a grande exigência no meio de tudo isto é o sentimento.
Ora bem, numa dessas andanças virtuais, deparei-me com uma frase que me inspirou a escrever sobre está área bastante sensível do nosso Rap. A frase era algo similar a esta: não basta ter um FL7 e Reason v. 3.0 em casa para fazer instrumentais e de imediato pensei: claro, e cabe-me afirmar que não basta ter caneca em casa e um papel para escrever.
A situação que me leva a dizer isto, é que vezes sem conta penso que estou a ter um Voodoo quando escuto certas a músicas de MCs locais. O exagero da ausência de criatividade é o primeiro gosto que me traz esta sensação da sua constante repetição. O segundo aspecto relaciona-se com as rimas: Rimas há muitas é só questão de desenvolver a gramática e conectá-la a nossa criatividade (imaginação como preferir). E por último é a repetição do assunto pelo mesmo autor, sob a mesma perspectiva, sem criatividade alguma e como se isso fosse pouco acrescenta a fatídica previsibilidade na escrita
Eu admitiria o mesmo assunto ser narrado sob diferentes perspectivas pelo mesmo autor, mas com doses de criatividade e não sucessão de repetição e previsibilidade.
Os MCs que generalizam os seus temas, isto é, falam de muitas coisas ao mesmo tempo, podem tratar de escrever uma só música e fazerem versões. Isto é, fazer aquilo que a 911 faz e chama de inovação. Sobre isto falarei noutro dia, se der. E sempre dá.
Da arte a arte + manha
Em suas músicas ouvimos: R.A.P, Ritmo Arte e Poesia. Hun, aceito que tenham Ritmo, aceito, com uma sobrancelha levantada, com o meu ouvido cansado e com a minha pouca caridade já caducada, que tenham Poesia mas Arte. Não, não e não. Acho que não basta fazer Rap para dizer que faz arte. Não basta fazer poesia para dizer que faz arte. Embora a definição da arte tenha inúmeras vertentes de ordem cultural que por sinal são situacionais e temporais (podem variar com o tempo e espaço) há um padrão que devemos de ter como base: a arte deve causar espanto a nossa sensibilidade, a arte deve ser produto de uma criatividade misturada com talento, conhecimento, expressão e tratando-se de música porque não uma representação vocal.
A Expressão
Nota, o MC expressa um verso de revolta como se estivesse a dizer um simples bom dia. Não vejo expressão no que dizem. A tonalidade vocal não os acompanha nas suas intervenções. Mas vamos combinar uma coisa, fazer arte não é fazer algo belo, porque assim entraríamos em subjectividade pois é no termo “belo” onde mora a relatividade. Fazer arte não é fazer algo agradável para uma maioria ou minoria porque senão os que nada percebem das pinturas abstractas do consagrado Malangatana, nem do Picasso seriam rotulados como desprovidos do senso artístico.
Mas voltando aos tais MCs, que não são nada poucos, pretendo acrescentar que todos podem escrever alguma coisa e devem se assim acharem, por via da teimosia. Sou contra o aprisionamento da vontade de cada um, mas privem-nos dessa teimosia com textinhos fotocopias, textinhos semelhantes aos 5 sons gravados a anos atrás. Já notou quantos MCs só cantam HipHop e sempre HipHop, e sem variar rimam na mesma sequência a mesma ideia. Sem contar naquela insistente intervenção do eu sou isto, eu falo disto, sem contudo nunca ter falado nem demonstrado ser senão verbalmente.
Sentenciando, se a nossa capacidade narrativa estiver limitada, eu já disse: encomendem letras de quem sabe ou aprimorem técnicas de escrita por diferentes vias que existem. Por exemplo esta: no dia 15 de Fevereiro, alusivo a Semana da Voz, na Fortaleza realizou-se uma sessão de dicas para escrever denominado Escrita Criativa.
NB: Não me entendam mal julgando-me alguém que pretende ouvir textos com uma gramática de ponta. Não! A ideia reside na criatividade, diversidade e expressão nos temas.
Por :(So)mente
segunda-feira, 3 de março de 2008
CLASSICOS DO MES : MARÇO : JAY Z - Can't Knock the Hustle
Na basta ter FL7 e Reason v 3.0 para produzir
Por uma tendência a limitar e excluir
A actividade de fazer instrumentais é um processo que exige antes de tudo conhecimento e imaginação. Conhecimento dos instrumentos que usamos para produzir as referidas instrumentais e imaginação para que com o mesmo som (seja sample ou não) criarmos e recriarmos diferentes tipos de instrumentais. Caso não corre-se o risco de maltratar seja com a má masterização ou má conjugação dos sons, tirando deles o brilho que eles possuem em si.
Ora bem, numa dessas andanças virtuais, deparei-me com uma frase que me deixou deveras preocupado, principalmente numa altura (utópica) destas em que se propaga o lema UNIÃO Hipopers. A frase era algo similar a esta: não basta ter um FL7 e Reason v. 3.0 em casa para fazer instrumentais (...) e de seguida vinha apareçam na minha casa com 200Mts e comprem as instrumentais. E o autor argumentava silenciosamente que deve apenas procurar aqueles que realmente sabem fazer. Eu concordo por um lado pois não queremos ser insultados com instrumentais mal produzidas. Mas em primeiro plano eu gostaria de dizer que isto pode constituir futuramente uma acção monopolista na área de produção de instrumentais e em segundo plano se estamos dispostos a massificar o Hip-Hop, se estamos dispostos a criar um Hip-Hop firme com vários (e bons) produtores, porquê não, no lugar de SÓ vender instrumentais, vendermos as nossas técnicas de produção e masterização de instrumentas? Para além da parte técnica, pode-se ainda criar uma abertura para a disponibilização de ferramentas de trabalho. Falo de programas e seus respectivos plugins (acessórios adicionais que permitem aperfeiçoar o manuseamento do programa). Com esta medida iremos pôr a prova esses discursos de amor a camisola que tanto se propala.
Acrescento, seria mais rico para o Hip-Hop se se criasse (ou pelo menos pensasse) um atelier onde se possa ensinar aos aspirantes a produtores a fazer uma boa instrumental, onde possamos cambiar experiências, pontos de vistas em torno desta sensível área. Claro que isto requer custos, exige muito tempo, mas acima de tudo exige muita vontade. Assim estariam lançadas as bases para a criação de uma escola musical Rap onde seriamos nós a estruturar a nossa maneira de fazer Rap. (hun, plano teoricamente perfeito).
Potencializaríamos deste modo a nossa capacidade de angariar produtores e Djs, corríamos o risco de sermos nós a desenvolver as nossas técnicas de moçambicanização do Rap e não forasteiros, minimizaríamos escândalos sonoros. Bem mencionei aqui Djs porque acho que estes devem andar em parceria com os produtores dado que estes envolvem-se com som embora de maneira diferente.
E para finalizar este trecho acrescento que ficaria desgostoso se hiphopers adoptassem tendências capitalistas (logo elitistas), monopolistas (logo egoístas) mesmo se intitulando undergrounds (mas já notei que muitos undegroundismos terminam na cabine de som, bem como toda a filosofia que a sustenta). E já imaginou o contraste: um MC anti elitismo a repar numa instrumental de um tendencialmente capitalista.
PS: No passado mês de Fevereiro, um grupo (suponho que seja uma associação de produtores locais) sentaram a mesa e discutiram a proposta de uniformizar os preços das instrumentais. Concordo! Temos de criar, organizar e disciplinar o nosso próprio mercado, tanto na venda de instrumentais, letras, roupas, CDs e gravações mediante padrões claro. E por via desta, acordou-se por maioria que o preço das instrumentais devia ser de 200Mt/250Mts para 500Mts. 500Mts por uma instrumental?
Mas vejo esta medida nada viável, vejo esta decisão elitista, vejo ainda esta associação como fruto de um ciclo de amizades ou simpatia. Mas assumo minha vulnerabilidade de erro dado que estou longe do cenário. Se eu for a errar, seria muito bom.
Por: (So)menteTERCEIRO BLOCO DOS INCULTOS - A LUTA CONTINUA
WORD UP : O rapper é um músico, acho que ele tem que falar de sociedade o que ele sente. Se não sente não tem que falar...
Mano Brown: Acho que o rap americano é mais evoluído, eles alcançaram um lugar onde eles deveriam estar mesmo, hoje eles usam a favor deles, eles usam a máquina, a máquina é podre e eles estão fazendo, já que é podre e não vai melhorar eles fazem o dinheiro vir para o lado deles. A gente sabe.
Paulo Markun: Mas o discurso social lá não é tão forte como aqui.
Mano Brown: Eu não estou na fase de exigir um controle de rap esse discurso social. O rapper é um músico, acho que ele tem que falar de sociedade o que ele sente. Se não sente não tem que falar, não é porque é rapper que tem que falar de problema crônico, sociedade e tal. Acho que o cara tem que ser livre, o compositor, o letrista. Você não pode chegar, pegar o moleque que está agora começando dentro da casa dele, num cômodo e jogar: Fala desses problemas aqui que é a sua cara. Jogar um fardo de 200 quilos nas costas do moleque sendo que dentro da casa dele ele não tem o mínimo para ele. Entendeu? Ele tem que lutar pela vida dele, e o rap é isso também, é lutar pela sua própria vida também, individual, lutar pela sua sobrevivência.
Como é que você compõe? Como é o processo de composição para você? Como você bola uma letra dessa, como você chega nessas rimas? Como é que é a tua rotina nisso aí?
Pergunta: O Brown, tem uma notícia muito engraçada, a manchete na verdade é engraçada, curiosa. De 2004. Junho de 2004: Mano Brown paga fiança é solto e chora. Não vou nem entrar nesse assunto dessa notícia. Mas queria saber a última vez que você chorou, se você lembra ou o que foi?
Mano Brown: Essa manchete foi mentira, não chorei nada.
Pergunta: Você nunca chorou?
Mano Brown: Lógico, já chorei. Quem nunca chorou.
Você se lembra da última vez.
Mano Brown: Que eu chorei?
É.
Mano Brown: Ah, quando... Sabotage morreu. Eu lembro que eu chorei. Chorei assim... bem discretamente, né? Tem os irmãos que chorou muito mais aí. Mas eu... eu chorei por dentro e cheguei a chorar também porque foi um dia muito triste assim para nós, né? Foi um dia, marcou muito. De lá para cá, graças a Deus, não. Não precisou, não careceu, né?
Pergunta: Você conseguiu, Brown, fazer uma revolução interna no seu jeito de ser, de pensar? Você conseguiu lutar contra os seus, suas próprias contradições, seus próprios medos? Você consegue isso hoje?
Mano Brown: Na verdade, as contradições só acabam quando morre, né? Tipo, eu era um cara, hoje eu estou de Nike no pé, mas eu já xinguei a Nike muito por aí. Entendeu? Mas eu descobri também que a Adidas não me dá nada se ficar falando mal da Nike. Eu derrubo um e levanto a outra. A Adidas é dos alemães, não são nada. Estou de Nike, o KL Jay não usa Nike, vai ver o Nike que o Blue tá no pé? Entendeu? É contradição, racionais é isso, é 4 caras, 4 mentes. 4 idéias, entendeu, meu? Eu sou o mais confuso dos quatro sou eu mesmo.
Pergunta: Como você vê a pirataria hoje, Brown?. Eu queria saber, essa... tem uma história de que na época do "sobrevivendo no inferno" houve um acordo entre racionais e ou camelôs ou quem fazia disco para vocês não perderem com essa venda dos piratas. E parece que isso, isso, um boato, um rumor e agora na época do DVD também houve isso. Eu queria saber se isso é verdade e como você vê a pirataria? Como você se protege da pirataria, porque afinal você é um artista.
Mano Brown: Não tem como se proteger na pirataria, eu tenho vários amigos que trabalha no ramo.
Paulo Markun: Comerciantes.
Mano Brown: Conheço os irmãos que estão na rua vendendo o Brown, assina aí, eu falo: Pirata eu não assino, irmão. Pô, mas é sobrevivência. Eu entendo, cara, na verdade quem fica rico é o chinês. Mas, é o ganha pão do irmão também. Então, como eu não sou polícia e também não vou andar com polícia prendendo ´pirateiro´ que não é a minha, eu uso aquele slogan, vocês é a minha rádio, tocam o dia inteiro a minha música no centro da cidade e divulga aí e me ajuda. O que eu não ganho, em venda, eu ganho com outras coisas que eles me dão, a pirataria me dá notoriedade, me dá, põe a minha música na rua.
sábado, 1 de março de 2008
CNN: NEWS OR POISON?
Lembre-se que em 1989 Chuck dissera que "Hip Hop was the CNN of the Streets", e quase 20 anos depois a CNN tornou-se numa estaçao vocacionada a noticias sobre Britney Spears e companhia limitada. Esta é uma reportagem que toda gente deve ver, mais concretamente o lado mais main stream do hiphop que muito inspirou a reportagem Hip Hop :Art or Poison? da CNN, pois, muito desse poison sao as raparigas semi-nuas, blings ou carros de luxo que vemos nos videos.
NB:Pedimos as nossas sinceras desculpas por esta reportagem nao ter legendas em portugues, contudo esperamos que seja de todo aproveitavel.