domingo, 17 de fevereiro de 2008

Tumba Atitude

No passado sábado, o Centro Cultural da Matola, antigo Cinema 700 foi brindada com mais um espectáculo de Rap organizado pela Tumba Sound em parceria com a embaixada dos Estados Unidos sob o lema Jovens sem HIV/SIDA. É de parabenizar a Tumba e todos envolvidos, que a custo zeros (pois a entrada era gratuita) nos proporcionaram um fim de tarde de sábado um agradável espectáculo, estreitamente de Rap com mensagens de consciencialização sobre medidas de prevenção desta doença que a cada segundo faz mais uma vítima. Na generalidade, os MCs que deixaram suas mensagens de consciencialização forma unânimes em afirmar que a forma mais praticada de prevenção é o uso do preservativo e fidelidade sem contudo deixar de abrir uma porta para a abstinência como a melhor das hipóteses, apesar deste se revelar uma impossibilidade atendendo o comportamento da esmagadora maioria.

A aderência ao evento foi de todo positiva em temos de público que se deslocou ao local, mas admito que podia estar melhor, não só pelo facto de a entrada ser grátis bem como pelo leque de MCs convidados (Ag ciclone, Alize, Big host, Blad stain, Bloco dos incultos, Classe neutra, Exercício, Sistema aliado, Shacal, Slang box, Tumba Sound, entre outros).

Embora a casa não estivesse completamente lotada, não constituiu motivo para que naquela sala não houvesse o barrulho do público. Oh público fantástico, reagindo a cada MC que entrava, aplaudindo sem preguiça, cantando os coros sem que os MCs o exigissem. E o melhor disto tudo era a complementaridade que se fazia entre MC e público e devo enaltecer que o som também ajudava nisto.

Deu para notar o quão a Fat Lar, que já não está fisicamente entre nós, continua a ser acarinhada por todos MCs que sempre que se fizeram ao palco trataram de fazer uma homenagem a esta. Este acto foi substanciado ainda pela presença constante de sua imagem num slide de fotos que passava no fundo o qual expressava este carinho com a seguinte mensagem: Estamos contigo Fat Lar porque sabemos que onde estas, estas a olhar por nós.

Mas não foi só a Fat nem as mensagens de consciencialização que tiveram direito a especial atenção, tanto nas rimas bem como nas falas durante o espectáculo. A nossa polícia também teve a sua hora. Uh! É interessante notar na reacção dos espectadores quando se menciona o nome de polícia. Ficam todos agitados. Na música interpretada pela Tumba Sound sobre os polícias de trânsito que praticam a corrupção a reacção foi de concordância, ora manifestada por aplausos (o que era sempre constante quando entrava ou saia um MC) ora com assobios em sinal de concordância.

E quando já se fazia noite, em um intervalo de breves minutos, foi convidado a subir no palco um dos convidados especiais. O psicólogo Gilberto Domingos Matsinhe que enaltecendo tudo que já se vinha dizendo por parte dos outros intervenientes a nossa postura diante dos infectados (e afectados acrescento) desta VIH/SIDA. Fazendo um apelo a não estigmatização, incentivando a uma aproximação com vista a oferecer qualquer que seja o tipo de ajuda que estes possam necessitar para perceberem que apenas estão doentes e que apesar disso a vida continua. E foi nesse instante que a sala mais se arrepiou quando no fundo iniciaram a exibição de imagens de indivíduos já num estado avançado da acção da doença. Imagens bastante chocantes e dramáticas que sublinho, são tão reais mas que se esvaziam da nossa memória quando estamos envolvidos.

Hoje a casa vai abaixo

Esta frase, já emblemática dos Classe Neutra, abriu aquela que foi a sessão mais aplaudida em todo evento. De presença que se diversifica entre a poesia recitada, representação de cenas e a poesia cantada, o grupo fez a sua justiça naquilo que é a sua maneira ver perceber Moçambique, África e o mundo no seu todo. Encerraram a sua apresentação com o já conhecido tema Putaminação da nossa espécie, uma espécie de descrição do nosso país desde os primórdios, passando pela formação da unidade nacional, sua posterior deformação e por fim a putaminação da espécie moçambicana e assim caiu o pano.

Por fim é de parabenizar a Tumba por levar o Rap Nacional até ao público e trazendo na algibeira mensagens de consciencialização e o bom de tudo: ENTRADA LIVRE!

PS: Na entrada havia preservativos gratuitos.


by Ngoga. extraido do http://www.myspace.com/21doutubro

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