sexta-feira, 8 de maio de 2009

Estorias sem fim : Maria Tereza (1a parte)

olhei-a profundamente, nao podia continuar indiferente a sua beleza, rara, as suas curvas pareciam tracos desenhados numa pedaco de papel celestial A4 numa bela manha
de domingo onde o sol reaviva nossos sonhos e esperancas.Percebeu meu olhar, esbocou um sorriso propositadamente envergonhado...mas convidativo e desafiador.
Sua juventude nao disfarcava alguma malicia criada pelos desenganos desta vida, sua beleza tentadora, explicita e proibida, perturbava meus pensamentos...e aquela rua por onde transitivam sexagenarias e criancas apressadas para a missa dominical, onde se ouvia conversas de putos na ressaca de mais um fim de semana, naquela rua de mil e um mundo parecia que so existiam duas almas:Eu e Ela!
Entao dirijo-me a ela, contendo o meu passo, viajando em seu decote branco relacando seus seios grandes, redescobrindo a boca vermelha e aqueles olhos grandes perfeitamente combinando com a sua pele clara,suas trancas de adolescente, sua saia comprida e preta descrevendo aquelas curvas celestiais,era uma rainha em saltos altos.

Aproximei-me, perguntava a mim mesmo, "onde diabo estao as palavras agora que preciso delas?", entao ela sorri e diz:
"Entao quando e que vai decidir-se senhor Afonso Brown?, ou nao gostou da encomenda?".Embaracou-me!Definitivamente embaracado, e as palavras traiam-me,"Nao tinha a certeza,e..que..bem, a senhora deve ser a Maria Tereza?".
Olhou para mim sem dizer nada, o silencio invadiu aquela rua, aproximou-se de forma desafiadora e pos suas maos macias sobre o meu peito protegido pelo meu velho sobretudo, senti o perfume dela, desiquilibrador, encarou-me e falou baixnho:"Nao sabia que homens de aco tambem gaguejam".

Derrota!Senti-me inferior diante daquela beleza, anos e anos de guerras pela conquista das ruas de Maputo,brigas corporais vencidas e 'trabalhos' perfeitamente executados nao me davam forca suficiente para encara-la.Sua beleza era um perigo!um perigo para mim!Tentei recuperar alguma dignidade...
"Qualquer aco, filosofia, conviccao se renderia a tua beleza!E mesmo bela como me disseram senhora Maria Tereza"...disse essas palavras alternando-as com pensamentos em que a possuia em meus bracos, em que minhas maos percorriam pelo seu corpo,...pensamentos, sao livres e ninguem os controla.

Olhou-me nos olhos, e perguntou-me:"Que tanto tortura-te para buscares a morte senhor Afonso Brown?,Que pecados cometestes?"

FIM da 1a PARTE

(por : Afonso Brown)

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