quinta-feira, 31 de julho de 2008

Comentário da Segunda Parte da Entrevista com Face Oculta



Em primeiro lugar quero agradecer ao A.Brown por esta oportunidade e louvar a sua iniciativa no que concerne ao conteúdo da informação que urina nesta pia (blog) onde, sinceramente, vou aprendendo muita coisa sobre a Escola Hip Hop. Confesso que era leigo tal como muitos rappers e admiradores desta cultura em muitos aspectos que generosamente deixaste fluir neste canto digno do Hip Hop Nacional e Internacional. Mas sem mais delongas, vamos ao ponto fulcral da razão da minha assintura.
Em primeiro lugar, louvar a coragem do Afonso Brown e a clareza das respostas do seu mais aclamado entrevistado na comunidade Hip Hop( HH). Quero concordar com as respostas do HL (Hélder Leonel) em relação a distinção e característica do que é Comunidade e Movimento e repisar que realmente há muitos que pertencem a comunidade mas não fazem o movimento no sentido positivo e optam por denegrir e invalidadr imagem e esforços empreendidos por indivíduos que lutam pela causa Hip Hop, violentando-os nas músicas, pelas costas ou até em debates. Porém, muitos deles jamais entregam seus rostos. Contudo, acho que seria lícito que HL tivesse enriquecido/apetrechado mais a sua resposta e confesso que esperava mais dele.
Acho que o entrevistado pecou de certo modo quando afirma que o HH Moz não fotografa integralmente a nossa sociedade, pois acho que os programas de HH da capital pouco fazem para que isso aconteça pois cingem-se a dúzias de grupos, senão por afinidades e não por questões geográficas, se não vejamos muitas músicas de rappers de Alto Maé, Malhangalene passam mais no Mundo da Kandonga e não no Clássico HHT (CHHT) será mesmo por falta de qualidade? E repare-se que quase tudo que passa no CHHT tem lugar nos outros programas. E nota-se repetição exagerada de grupos no CHHT.
Em relação aos conteúdo, mais uma vez HL não foi feliz, acho que não podemos falar de Hernani em fóruns conscientes de HH apesar da sua criatividade, monótona, sublinhe-se e que fotografa a nossa sociedade num ângulo que deixa-nos a desejar e que já vai se alastrando por toda cidade abaixo, (in)felizmente. Em relação as percentagens no que diz respeito a composição do MC Moz é difícil comentar pois, não sei qual a amostra que o entrevistado baseiou-se para tal mas se fôr a que passa no CHHT diria que ultimamente reflecte 25% apenas da Comuidade HH e esta questão veio mesmo a calhar.
HL voltou a merecer meus aplausos na resposta relacionada com o caso DRIFA apesar de achar inconveniente a mêncção de nomes dos MC´s que escolheu para dar um xeque-mate a seu estilo a questão tendenciosa e ineteligente de A.Brown.
A 9ª questão a meu ver não foi transparente e resultou consequentemente numa resposta também dúbia pois, pareceu-me não ter havido percepção suficiente do entrevistado.
Em relção ao(s) beef(s) confesso que HL foi feliz nas sua respostas pois, não tendo beefado com ninguém de nada lhe valeria beefar hoje e Xigono realemnte não foi transparente na sua manifestação ou desejo, digo isto porque estive no mencionado Aclamado Show da Kandonga, que sem querir ferí-lo, Xigono emocionou-se.
As últimas questões e perguntas foram simplesmente honrosas pois HL e A.Brown deixaram transparecer autêntica luta pelos seus sonhos em torno do HH Moz. Realmente, já é tempo de erguermos o Templo do HH Moz, que passemos de desejo a práctica.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

BABA X comenta entrevista de Face Oculta...

"Quero concordar com as respostas do HL (Hélder Leonel) em relação a distinção e característica do que é Comunidade e Movimento e repisar que realmente há muitos que pertencem a comunidade mas não fazem o movimento no sentido positivo e optam por denegrir e invalidadr imagem e esforços empreendidos por indivíduos que lutam pela causa Hip Hop, violentando-os nas músicas, pelas costas ou até em debates. Porém, muitos deles jamais entregam seus rostos. Contudo, acho que seria lícito que HL tivesse enriquecido/apetrechado mais a sua resposta e confesso que esperava mais dele."

BREVEMENTE AQUI NO BLOG O ARTIGO COMPLETO DE BABA X COMENTANDO A ENTREVISTA COM FACE OCULTA. AGUARDE...

domingo, 27 de julho de 2008

FACE OCULTA : O resultado do positivismo não está em algo material ou palpável está dentro de cada um.


O xitapora atraves do seu mentor, Afonso Brown, teve a honra de entrevistar uma figura incontornavel do hiphop e que dispensa qualquer tipo de apresentaçao. Esta foi a mais longa entrevista até agora publicada no blog, onde Face Oculta deixa respostas infaliveis acompanhadas de pensamentos interressantes e acima de tudo a tal harmonia e atitude positiva que vem demonstrando de alguns anos para ca. Depois da primeira parte, eis que hoje publicamos a conclusao da entrevista que ja era aguardada com alguma espectativa, nao fosse o entrevistado uma figura "historica" e incontornavel do hiphop moçambicano...afinal de contas so ficam para historia todos homens cujos actos serao eternizados e registados para sempre em nossas memorias. Acompanhem a conclusao da entrevista, tirem as vossas ilaçoes e partilhem-nas connosco.

Segunda Parte

1-Qual a diferença entre comunidade e movimento hiphop ?

Bom, eu não respondo isto como se fosse um questionario onde devo responder certo ou errado, mas respondo de acordo com a forma como vejo as coisas pessoalmente. Comunidade tem o seu conceito assim como movimento tambem tem o seu. Eu defino comunidade e movimento tendo em conta os conceitos, mas principalmente tendo em conta a realidade do hiphop, ja que é dela que estamos a falar. Eu vejo comunidade o conjunto de pessoas que tem algo em comum, neste caso, desenvolver o hiphop nas variadas formas. Vejo Movimento como as varias acções hiphop desenvolvidas por essa comunidade.


2-Como caracterizas a comunidade e o movimento hiphop em Moçambique. Pontos positivos e negativos.

Há pessoas na comunidade que não fazem movimento nenhum para mexer e elevar esse hiphop, outros ainda fazem movimentos(atitudes) sem qualidade, convencidos que no seu tipo de “radicalismo” ou “ambicionismo” fazem algo grandioso pelo hiphop. Por outro lado há um esforço ainda que individual, mas humilde para fazer a comunidade se encontrar e um movimento mais qualitativo em todos aspectos.

3-Voltemos ao tema violencia: Quais os exemplos claros de violencia no hiphop Moçambicano? Como se caracteriza? Quem promove?

O simples facto de um rapper fazer pouco ou não respeitar outros estilos musicais, dos quais muitos tem mais haver culturalmente com ele. Muitas vezes passamos por ridiculos sem nos apercebermos. Outro exemplo é o da forma como se discutem certos temas relacionados com o hiphop, seja a nivel de blogs, debates vivos, tem havido muita ignorância e sobretudo posturas desnecessarias. Como diria um comentador num certo debate, é no minimo uma “prostituição intelectual”. Alguns rancôrosos e mais alguns saciados gastam muita energia intelectual para violentar o próximo, fazendo assim cair o conjunto. Artistas, rappers, mc’s, editores de jornais, promotores de espectaculos e alguns intervenientes individuais auto-titulados criticos.


4-Acha que o rap feito pelos moçambicanos reflete integralmente a sociedade moçambicana?

Reflete, mas está claro que não é integral geograficamente .


5-Que avaliação fazes dos conteúdos.

É negativo que muitas das tendencias “Lets Chill” na mensagem não trazem nenhum elemento de originalidade, ou seja nem no “chilling” se consegue ser original devido ao exagero de ostentações. Um aspecto importante nesta questão é que acho que deviamos avaliar como é feito o uso da palavra. Por exemplo Hernani é um rapper que tem muita cultura geral, isso da-lhe uma capacidade de concentrar ouvidos sem dizer coisas concretas. Entretanto se um individuo não está devidamente informado não se diverte com a musica de Hernani. Por outro lado há rappers devidamente informados, mas que são complexos no que dizem, e assim é dificil ser abrangente. Mas perante os varios tipos de conteúdos que fazem o nosso rap, sente-se a falta de dominio da lingua portuguesa e se tivesse que avaliar dando uma nota eu dava 13Valores.


6-Defina o MC moçambicano liricamente, falo em termos de poesia e conteúdo.É maduro?Criativo?Original?Inovador?Activo ou Passivo?

Bom esta questão me parece ser a anterior feita de forma diferente, mas ok!. Vamos dar percentagens. 20,5 % maduro, 10 % criativo, 10% inovador, 10 % activo, 45,5 % passivo


7-Acha que os MC’s tem capacidade de escrever letras que possam estar em pé de igualidade com grandes escritores nacionais?ou possuem uma retórica pobre?

Acho que aqui ainda há por descobrir MC’s, porque avaliando pelo que existe, são poucos os capazes de fazer descrição narrativa como “Ualalapi” de Ungulani. São tambem poucos os capazes de narrar a tradição como Paulina Chiziane,. Em suma diria que de facto a retórica ainda não é de muitos. Para além de que está relacionada com a falta de ligação com hábitos de literatura e oração.


“Actualmente está a surgir um fenómeno que me preocupa: estamos a ser influenciados por MCs que não tem força, garra e atitude no micro, refiro-me a essa onda de MCs actuais da Justus League, Low Budget e seus derivados”

-DRIFA

8-O que acha dessa opiniao de Drifa na entrevista concedida ao xitapora?Podes comentar.

Não sei exactamente o que dizer, teria que saber o que é um MC com força, garra e atitude no micro pelo ângulo de DRIFA. Observa ponderadamente o seguinte: para mim o L. Nato e o Azagaia tem tudo isso, e na Justus league ou Low Budget podes encontrar L Natos e Azagaias, tenho dificuldades em saber o que é perfeito em cada um e nós. Não tou preparado para responder como deve ser, estaria melhor preparado para responder se isso preocupasse a todos nós.

9-Não acha que a corrente positivista do hiphop esteja a correr o perigo de algum deslumbramento em relação a realidade...ou até certo ponto esteja a viver fora de realidade?

Não sei bem de que corrente positivista se está a falar, mas porém existem aqueles que agem com base na fé que tem nas suas crenças, e isto não é uma questão de realidade é uma questão de experiencia. Só cada um conhece o sabor amargo ou prazeroso, que sente como retorno da sua atitude no mundo. Eu tenho co- presente uma frase de Silo(El Negro) entre as 12 acções validas de um humanista que e já é um pouco famosa entre alguns de nós: “trate os outros como queres ser tratado”, neste contexto descobre-se uma complexidade interessante sobre a atitude humana, onde o importante é a experiencia do registo interno de cada acção seja tratando mal ou bem. O resultado do positivismo não está em algo material ou palpável está dentro de cada um.

10-É possivel distinguir o rap da cidade e do suburbio em moçambique?ou estaremos todos “guetalizados”?

Pelo tipo de composição musical e pela dicção, pronuncia, linguagem, conteúdo pode se distinguir. Mas o suburbio pode soar como a cidade, só a cidade é que tem dificuldades em soar como suburbio. Em geral estamos todos guetalizados porque faltam-nos elementos sobre “cidadania”.


Face Oculta no GIL VICENTE

11-Ouve-se muito a palavra beef no meio hiphop.O que é um beef?

Tenho informação que um “beef” no meio hiphop significa rivalidade entre um grupo e outro, ou entre individuos.

12-Ja esteve envolvido em algum beef?

Já estive, mas sem ter fazer nada para sustentar o tal “Beef”

13-Uma vez Xigono deixou um recado para o HipHop Time e Helder Leonel em pleno show da Kandonga?Como se sentiu?O que achou da posiçao do Xigono?

Antes de mais nada, espero que esta pergunta não tenha vindo a seguir a anterior(sobre o beef), na tentativa de relacionar o mesmo com a pessoa de quem falas na 13º. Que fique claro que não tenho “beefs” com ninguem, mas aceito que hajam pesssoas opostas a mim. E isso não significa necessariamente que “eu” esteja em conflito com alguem.

Não sei se foi um recado, mas lembro-me de ele ter dito:-“F#*% hiphoptime”!- em pleno espectáculo e um pouco depois rematou: - “As minhas musicas não passam no programa!”. A primeira foi uma visível agressão, a segunda não percebi o que quiz dizer, se não interessava que as suas musica sejam rodadas no programa ou se, se queixava que as suas musicas não tocavam na radio. Por acaso nunca recebi nenhum trabalho musical de Xigono, se recebí pode não ter chegado a nossa redacção. Senti me agredido, é como se levasses uma “chapada” e de seguida nem se quer perceber qual é o problema. Se bem que estou consciente de tratar-se da nossa rigidez na rotação de musicas no clássicohiphoptime. Eu acho que foi uma posição “fragmentada”.

14-Qual o seu maior desejo para o hiphop?

Que haja uma casa do hiphop que é como se fosse o lugar sagrado do hiphop onde antes de entrarmos temos que descalçar qualquer tipo de preconceito ou diferença no “game”. Cá fora podemos andar em “beefs”, ou seja o que for, mas a casa do hiphop é o lugar onde somos todos pelo hiphop e não por mim ou pelo fulano ou beltrano.

15-Como se sentiu quando foi convidado para esta entrevista?

Senti que era algo importante para estar mais próximo do publico hiphop e não só, sempre é bom dar-se a conhecer melhor, principalmente em temas que tem pairado como duvida em pessoas importantes, questionadoras e frontais como o Afonso Brown

16-O que achou desta entrevista?

Sensacional, puxada e emocionante

FRASES : FACE OCULTA


A esta altura seria religioso se houvesse consenso em relação a mim.

Brevemente 1º Round Do HardTalk: Prime Akhim vs Afonso Brown

Prime Akhim: Não estaras de alguma forma a usar o blog para ser polémico e famoso?

Afonso Brown:Famoso para quê?olha se o blog me deu alguma fama eu inda não me apercebi...e (...) Derepente qualquer sinal de frontalidade tornou-se sinonimo de polémica, temos de enriquecer o nosso vocabulario para nao nos confundirmos e cofundirmos os outros quando adjectivamos alguns fenomenos.

BREVEMENTE AQUI NO BLOG 1º DO HARD TALK :PRIME AKHIM vs AFONSO BROWN

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Face Oculta :" Há pessoas na comunidade que não fazem movimento nenhum para mexer e elevar esse hiphop..."


"Há pessoas na comunidade que não fazem movimento nenhum para mexer e elevar esse hiphop, outros ainda fazem movimentos(atitudes) sem qualidade, convencidos que no seu tipo de “radicalismo” ou “ambicionismo” fazem algo grandioso pelo hiphop. Por outro lado há um esforço ainda que individual, mas humilde para fazer a comunidade se encontrar e um movimento mais qualitativo em todos aspectos."-Face Oculta

Brevemente neste blog, a tao aguardada e solicitada segunda parte da entrevista com Face Oculta.Nao percam!!!!!

Corto Maltese - Waltz of the flowers

Corto Maltese


Segundo a biografia de Michel Pierre, Corto Maltese nasceu em Malta em 10 de Julho de 1887 filho de uma cigana de Sevilha, belíssima e admirável dançarina de flamenco. A lenda diz que o pintor Ingres esteve perdidamente apaixonado por ela, ao ponto de lhe ter feito um vibrante retrato. O seu pai era um marinheiro britânico, originário da Cornualha, descendente de uma família que tinha por tradição não se alistar na ìRoyal Navyî. O pai de Corto, um marinheiro ruivo e de porte poderoso tinha três paixões - o mar, o whisky irlandês e as lendas célticas.

Não se sabe ao certo quando morreu. Alguns afirmaram que desapareceu no mar, outros que foi assassinado em Cantão, por membros de uma tríade chinesa e por fim houve quem jurasse que terminou os seus dias numa briga sórdida na Austrália. Sabe-se é que frequentou todos os portos do mediterrâneo em múltiplas escalas, tendo numa dessas conhecido a bela cigana de Sevilha, tendo-a seduzido com o seu mau espanhol, contando-lhe lendas do seu país cheias de brumas e sons estranhos.

Cerca dos 10 anos de idade, Corto e a sua mãe foram viver para Córdova, numa casa com um pátio cheio de flores coberto de azulejos árabes. Era lá que Corto lia, escrevia, aprendia espanhol e hebraico, se iniciava no árabe enquanto se esforçava por não esquecer o inglês do seu pai, sempre ausente no mar.

Por essa altura, uma cigana vidente, amiga da sua mãe ao ler a sua mão esquerda constatou que Corto não tinha a linha da sorte marcada. Este, chocado com a descoberta, mal chegou a casa, pegou numa lâmina e de um só golpe traçou a sangue a linha da sorte de uma forma quase perpendicular às linhas do coração e da cabeça.

Aos doze anos Corto partiu para Malta com Ezra Toledano um rabino místico e profundo conhecedor da cabala que transmitiu os seus segredos ao jovem. Graças a Ezra, muito cedo Corto teve uma visão cósmica do universo numa cultura miscigenada pela poesia e lições das Santas Escrituras das biblías hebraicas da renascença e também pelas canções e lendas celtas de seu pai.

A personalidade do jovem Corto desenvolveu-se entre as divindades quotidianas de místicos templos desconhecidos debaixo do sol abrasador de Malta, os livros do seu pai, a bíblia do seu mestre e as histórias sobrenaturais contadas pelos marinheiros no porto de Malta. O seu destino estava traçado para a aventura humanitária, para o imprevisível apelo do mar, feito de inspiração algures entre o sagrado e o profano.

No ínicio de 1904, Corto tinha 17 anos e decide embarcar numa escuna que fez escala em La Valette e que tinha como destino a ásia, passando pelo canal de Suez. Ao largo de Alexandria o telégrafo da escuna recebe a notícia do ataque dos torpedeiros japoneses contra a esquadra russa. Corto permanece até fevereiro no Cairo e em plena guerra russo-japonesa reúne-se aos seus companheiros da escuna e prossegue viagem através do mar vermelho, com escala em Aden, Bombaim, Madras, Singapura, Xangai e Tientsin, onde Corto toma a caminho para Pequim. Pouco tempo depois está na Manchúria, perto da fronteira coreana, no coração dos combates entre russos e japoneses. É aí que trava conhecimento com um jovem jornalista americano, Jack London.

Em 1905 Corto embarca para África, tendo como companheiro de viagem um homem com que se irá cruzar mais tarde noutras aventuras, o russo Rasputine, anarquista e meio louco. A viagem escala Xangai, Hong-Kong, Filipinas e Djacarta. No mar das Célèbes há um motim a bordo, mas Corto, fiel ao seu princípio de intervenção mínima em situações que não lhe digam respeito, assiste à rebelião e acaba com outros marinheiros e Rasputine num bote em pleno oceano, onde são recolhidos por um cargueiro com destino ao pacífico que os deixa em Valaparaíso, no Chile. Daí partem de comboio para Santiago e encontram-se um mês depois na Argentina. Aí travam conhecimento com um dos personagens mais fascinantes da história da América, Butch Cassidy que fazia parte de um bando de foras-da-lei, antigos pequenos criadores de gado arruinados pelos grandes barões do gado. Roubavam os animais aos grandes proprietários e distribuíam-no pelos pequenos criadores, aparecendo como uns ìRobins dos bosquesî contemporâneos.

Corto esteve depois na Europa, mas não há qualquer referência dos seus passos e volta à Argentina instalando-se em Buenos Aires, onde reecontra Jack London e conheçe um futuro escritor, Eugene O´Neill.

Entre 1908 e 1913, Corto continua a sua errância pelo mundo, baralhando as pistas, partindo de um porto quando o julgavam noutro. Poderá ter passado por Marselha, Tunísia e Londres, mas não é certo.

Em 1913 Corto encontra-se ilegal na Indonésia, com um bando de piratas. Mas não é um bom pirata. Prefere a liberdade, a descoberta, a amizade, até o ócio e rejeita a matança e o assassínio. Um pouco de contrabando e tráfico de armas são suficientes para o fazer feliz, saltando entre os arquipélagos indonésios.

O ano de 1914 passa-o Corto ainda no pacífico na ilha Escondida, juntamente com Rasputine e aquela que foi a sua grande paixão, Pandora, participando esporadicamente nalguns combates contra os alemães, tendo em 1915 seguido para a ilha Pitcairn, depois de dois meses de navegação.

A partir desta altura as aventuras de Corto Maltese são-nos apresentadas por Hugo Pratt em forma de BD. O seu primeiro álbum, "Balada do Mar Salgado" surge em Julho de 1967, situando a acção exactamente entre 1913 e 1915.

Seguir-se-iam até à Morte de Pratt em 20 de Agosto de 1995, mais cerca de 25 álbuns que nos descrevem de uma forma absolutamente magistral as aventuras deste marinheiro misterioso e irónico, possuidor de uma enorme maturidade, cultura e sentido humanitário, sempre alinhando com os fracos e desprotegidos mas sem nunca transmitir lições de moral e que percorre os 4 cantos do mundo, desde o pacífico (A Balada do mar Salgado), passando pela Sibéria (Corto Maltese na Sibéria), Turqueistão (A casa dourada de Sarmancanda), África (As Etiópicas, 4 volumes), Europa, América Central e do Sul.

Pratt, juntamente com a personalidade inconformista de Corto Maltese, o seu sentido universalista de quem percorre o mundo de uma forma elegante e marginal ligando o que há de comum entre as pessoas e os povos, deixou-nos também uma extensa e rica galeria de personagens, de onde poderíamos destacar, para além dos marcantes Rasputine e de Pandora, Morgana - deusa das águas na tradição celta, Boca Dourada - vidente e sacerdotisa sul-americana, Tiro Fixo - cangaceiro do sertão, Jeremiah S. - professor, alcoólico e intelectual nascido em Praga, protegido de Corto, entre muitos outros. Mas também todo o ambiente geral, o mar, os atóis e as ilhas são personagens importantes das suas aventuras.

A nível estético e gráfico, Hugo Pratt apresentou sempre o seu alter ego, Corto Maltese com um desenho genial e belíssimo, de traço depurado e consistente, cheio de silêncios e ausências, debaixo de um jogo de sombras a preto e branco poderoso e inimitável, que terão talvez o seu esplendor na "Fábula de Veneza", bem como as belíssimas aguarelas das capas e por vezes das introduções.

Pratt deixou este mundo sem concluir a biografia de Corto, que supostamente terminaria com a sua morte na guerra civil de Espanha, pois segundo o próprio Pratt " ... depois da Guerra civil de Espanha será difícil pensar em grandes aventuras num mundo socialista. É possível pensar nisso num mundo povoado de comunistas ou de anarquistas mas não num mundo socializante ... [porque] ... os socialistas são sempre reformistas, passam a vida sentados em volta de uma mesa a falar de reformas, da divisão de poderes e de coisas como essas. É uma catástrofe. Não se pode casar o mundo operário e a aventura. É como pensar numa ligação entre uma família católica e o catolicismo e a aventura. Não resulta, porque o aventureiro é sempre alguém pronto a dar cabo de tudo.".

Brevemente Segunda Parte da Entrevista com Face Oculta

HARD TALK- PRIME AKHIM vs AFONSO BROWN:1º Round Brevemente Aqui no Blog...



















Prime Akhim: Se te dessem uma chance de trocar de lugar com o Helder Leonel(para seres exactamente como ele em todos aspectos), aceitarias? Justifique.

Afonso Brown:Não aceitaria!!!!Não me interressa o fardo que ele carrega. Ja tive a oportunidade de conversar com ele e é de certo modo mal entendido e crucificado. Mas também há algumas coisas que ...LEIA O PRIMEIRO ROUND DESTE HARD TALK BREVEMENTE AQUI NO BLOG.


sábado, 19 de julho de 2008

Madiba’s birthday message


July 18, 2008 – Mr Mandela gave this message to the world:

“There are many people in South Africa who are rich and who can share those riches with those not so fortunate who have not been able to conquer poverty. Poverty has gripped our people. If you are poor, you are not likely to live long.”

segunda-feira, 14 de julho de 2008

EQUIVOCOS E MAL ENTENDIDOS: PRIME AKHIM ENTREVISTA AFONSO BROWN

Brevemente aqui no blog Prime Akhim entrevista o editor do Xitapora Afonso Brown.Desfazendo equivocos e mal entendidos, esta entrevista que as vezes se confunde com uma entrevista a Sociedade Anonima, que nada tem a ver com o xitapora, divaga entre insinuaçoes, mal entendidos e equivocos, deixando para tras um debate em torno do blog.Quente!!!!Aguardem...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

...BREVEMENTE NAS BANCAS



CONTAGEM DECRESCENTE para o lançamento da segunda edição da revista O Túnel.

sábado, 5 de julho de 2008

Dica de Escuta: Sistema Aliado




myspace.com/sistemaaliado

SÚPLICA poema de noémia de sousa

Tirem-nos tudo,
Mas deixem-nos a música!Tirem-nos a terra em que nascemos,
Onde crescemos
E onde descobrimos pela primeira vez
que o mundo é assim:
um tabuleiro de xadrez…

tirem-nos a luz do sol que os aquece,
a lua lírica do shingombela
nas noites mulatas
da selva moçambicana
(essa lua que nos semeou no coração
a poesia que encontramos na vida)
tirem-nos a palhota – humilde cubata
onde vivemos e amamos,
tirem-nos a machamba que nos dá o pão,
tirem-nos o calor do lume
(que nos é quase tudo)
– mas não nos tirem a música!

Podem desterrar-nos,
Levar-nos
Para longes terras,
Vender-nos como mercadoria,
Acorrentar-nos
À terra, do sol à lua e da lua ao sol,
– mas seremos sempre livres
se nos deixarem a música!

Que onde estiver nossa canção,
Mesmo escravos, senhores seremos;
E mesmo mortos viveremos.
E no nosso lamento escravo
Estará a terra onde nascemos,
A luz do nosso sol,
A lua dos shingombelas,
O calor do lume,
A palhota onde vivemos,
A machamba que os dá o pão!

E tudo será novamente nosso,
Ainda que de cadeia nos pés
E azorrague no dorso…
E o nosso queixume
Será uma libertação
Derramada em nosso canto!

– por isso pedimos,
de joelhos pedimos:
tirem-nos tudo…
mas não nos tirem a vida,
não nos levem a musica!
L. Marques, 4/1/1949

Inédito

The Last Poets [EUA]


Os precursores do movimento hip hop.

É difícil avaliar com rigor a dimensão do contributo que The Last Poets tiveram para a cultura negra do séc. XX e para o movimento hip hop em particular. Formados nas lutas pelos direitos civis dos anos 60, estão na raiz mais profunda da árvore genealógica do rap e continuam hoje, como há 40 anos, a influenciar toda uma geração de músicos. O mais experiente produtor da música negra, Quincy Jones, não teve pejo em reconhecer: “Foi através dos Last Poets que fui pela primeira vez atraído para a noção de hip hop”. Marvin Gaye, Curtis Mayfield, Bob Marley e Fela Kuti são outros artistas cuja obra tem a marca dos Poets. Desde os anos 90, o seu ressurgimento tem sido impressionante. Artistas como Kanye West, Common, Public Enemy ou Erykah Badu gravaram-lhes um disco de tributo.

kalaf+Type-Fado Superstar

Spoken Word

Deve ser uma das formas de expressao mais espectaculares na arte.Acreidto que exista em Moçambique, nao tenho conhecimento, mas uma vez vi na tv um jovem chamado Felling Kapella(corrijam-me o nome) e a sua perfomance me fez lembrar Kalaf, um icone de origem angolana neste movimento.Para nos hiphopers falar de spoken word remete-nos rapidamente a temas como Niggers Are Scared Of The Revolution ou When The Revolution Comes dos Last Poets.Claro que muitos nao conhecem os Last Poets, pioneiros deste movimentos no EUA.

Niggers always goin' through bullshit change
But when it comes for real change,
Niggers are scared of revolution

O spoken word é um estilo de arte literario ou perfomance artistica em que a lirica, poesia ou estorias sao faladas em vez de cantadas, claro que é feito com um fundo musical mas o destaque é o oarador.